sábado, 20 de outubro de 2012

Igrejas cristãs na Alemanha não abrem mão do imposto

Mesmo perdendo seguidores e dinheiro nos últimos anos, arcebispo reafirma a impossibilidade de deixar de pagar contribuição


A Igreja Católica alemã decidiu manter uma linha dura com os excomungados - pessoas que se desligam da instituição com o objetivo profano de economizar os 9% do imposto destinado às igrejas, que são cobrados dos católicos e protestantes do país junto com o Imposto de Renda.

Nos últimos dez anos, houve uma enorme evasão, sobretudo do catolicismo, que perdeu mais de 2 milhões de fiéis, causando uma redução no orçamento da instituição. Quem se desliga da Igreja oficialmente para não ter que pagar a taxa religiosa junto com o Imposto de Renda, passa a ser excluído dos sacramentos, do batismo dos filhos até à extrema-unção para os moribundos.

Em uma reunião da Conferência dos Bispos da Alemanha, realizada na cidade de Fulda, o arcebispo Robert Zollitsch divulgou um documento, chamado "Decreto Geral da Conferência dos Bispos sobre o Desligamento da Igreja", que reafirma a impossibilidade de deixar de contribuir com a Igreja e, ao mesmo tempo, continuar membro da Igreja.

— Nós queremos mostrar como a evasão dos fiéis é dolorosa para nós, e como nós levamos o assunto a sério — disse Zollitsch.

Como não há separação entre Igreja e Estado na Alemanha, a própria Receita Federal encarrega-se da cobrança do dízimo, que é transferido para uma das duas grandes Igrejas cristãs no país, católica ou luterana, da qual o contribuinte faz parte. Muitos alemães poupam o imposto da Igreja mas, mesmo assim, vão aos templos cristãos no Natal e na Páscoa, por exemplo.

Na missa católica, ao distribuir a comunhão, o padre não sabe quem pagou o imposto. Por isso, as igrejas ficam lotadas nessas datas.

O problema começa quando alguém precisa de um sacramento que exige identificação, como o casamento ou o batismo. Sigrid Grabmeier, do movimento "Wir sind Kirche" (Nós somos a Igreja), criticou a falta de tolerância da conferência dos bispos:

- A porta da Igreja deve continuar aberta para os fiéis, eles pagando imposto ou não.

Atualmente, 24,4 milhões de alemães se dizem católicos. Há 12 anos, esse número era de 26,8 milhões. Mesmo tendo perdido 180 mil fiéis em 2011, a instituição recebeu 5 bilhões de euros no ano passado. Não se sabe se por preocupação com a arrecadação, em seu último encontro, os bispos alemães decidiram liberar o direito de comungar para divorciados que se casaram de novo.



Fontes: Jornal Extra -Edição de 14/10/2012 reportagem de Graça Magalhães-Ruether, O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/igrejas-cristas-na-alemanha-nao-abrem-mao-do-imposto-6392657#ixzz29SdnvYoG


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